domingo, 20 de maio de 2012

Socorro, ninguém paga a ninguém


Socorro, ninguém paga a ninguém.
Esta poderá ser actualmente a frase mais ouvida dentro das empresas.
Mas ela não surge por acaso. A falta de liquidez que atormenta a nossa economia pode ter várias causas, mais ou menos facilmente identificáveis. O estado atrasa-se nos seus pagamentos, dilatando os prazos de recebimento dos seus fornecedores, que por sua vez os passam a montante na sua fileira industrial. As grandes cadeias de distribuição negoceiam, também por sua vez, prazos de pagamento que nem sempre cumprem escrupulosamente. Com as várias ondas de “down sizing”, as empresas passaram a utilizar serviços externos para desempenharem actividades que anteriormente eram desempenhadas por pessoal interno e, ao menor sintoma de dificuldade de tesouraria,  os pagamentos a esses novos fornecedores de serviços. Por outro lado, a honestidade no negócio já não é o que era, e o mercado está cada vez mais cheio de “artistas” que usam e abusam do sistema para encherem os bolsos à custa de outros.

Está-se efectivamente a passar um fenómeno deveras interessante, para o qual devemos todos ter muita atenção. As dificuldades de tesouraria podem fechar umas empresas de um dia para o outro. Já não é a rentabilidade económica que determina o sucesso ou insucesso de uma empresa. É antes a sua capacidade de seleccionar clientes pagadores, de se proteger contra créditos mal parados através de seguros ou garantias vivas, e ainda a de cobrar aos seus clientes, que podem determinar o sucesso de uma empresa, naturalmente tudo isto suportado por um negócio economicamente viável.

É uma verdadeira aflição a que algumas empresas passam para ter suficiente dinheiro no final do mês para cumprirem com as suas obrigações para com o seu pessoal, estado e fornecedores.

Para desalento de algumas destas empresas, existe um sentimento de frustração quando se vêem obrigadas a cumprir com as suas obrigações fiscais para com um estado que sendo ele seu cliente, não cumpre com a sua obrigação mais básica que é pagar a quem o fornece, de forma a dar o exemplo certo ao mercado e a poder exigir moralização do mesmo no que concerne a esse malfadado flagelo que é o “calote”.

Todos nós, ligados a empresas, sabemos que não podemos nunca gastar mais do que aquilo que ganhamos. Se o fizermos, corremos o risco de perder tudo o que temos a nível pessoal. Então porque podem aqueles que governam os dinheiros públicos cometer as maiores atrocidades que se podem imaginar na gestão daquilo que pertence a todos nós? Porque não são eles responsabilizados pelos erros que cometem e obrigados a pagar os prejuízos causados? É muito fácil dizer que o voto penaliza quem cometer esses erros. Quem realmente paga os prejuízos somos nós, e a penalização para quem os causou não passa de uma simples mudança de “cadeira política” ou a colocação em algum outro cargo onde os prevaricadores podem continuar a espanejar a sua incompetência, sempre às nossas custas.

Tem de haver a coragem de mudar o sistema implantado, sob pena de assistirmos ao esvaziamento dos nossos bolsos e ao pôr em perigo o futuro de gerações futuras.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

PREFERÊNCIA BASEADA NO DESEMPENHO

PREFERÊNCIA BASEADA NO DESEMPENHO
(PERFORMANCE-BASED PREFERENCE).

Durante a última década do século XX, os EUA desenvolveram um conjunto de legislação e politicas no sentido de regular a aquisição de serviços e produtos numa abordagem de “Preferência Baseada no Desempenho” (Performance-Based Preference). Esta abordagem tem sido estendida tanto ao governo federal como a outras agências governamentais estatuais e locais, cobrindo as áreas militares e civis.

It is the policy of the Federal Government that (1) agencies use performance-based contracting methods to the maximum extent practicable when acquiring services, and (2) agencies carefully select acquisition and contract administration strategies, methods, and techniques that best accommodate the requirements.

O objectivo é que as diferentes agências descrevam as suas necessidades em termos de “o que” tem de ser obtido e não na forma como tal tem de acontecer. É uma abordagem muito mais focada nas funções desejadas e não num produto ou serviço pré estabelecido.

Estas políticas têm sido incorporadas no Federal Acquisition Regulation Subpart 37.6 (Performance-Based Contracting), com orientações adicionais no OFPP document, "A Guide to Best Practices for Performance-Based Service Contracting."
As leis e as regulamentações nos EUA estabelecem a preferência para a aquisição de serviços baseada no desempenho. Conforme citado no Procurement Executives Council's Strategic Plan:
...over the next five years, a majority of the service contracts offered throughout the federal government will be performance-based. In other words, rather than micromanaging the details of how contractors operate, the government must set the standards, set the results and give the contractor the freedom to achieve it in the best way.
Presidential Candidate George W. Bush on June 9, 2000
As leis, as políticas e as regulamentações tem mudado dramaticamente o processo de compras de produtos e serviços nas agências governamentais dos EUA, baseados e focados na missão das organizações e no planeamento operacional. Por isto, mais pessoas estão envolvidas nas equipas de compras dos dias de hoje. Em adição ao pessoal técnico e de contratação, por exemplo, existe “valor acrescentado” pela inclusão dos gabinetes financeiros e de planeamento. Estas pessoas trazem novas perspectivas, visões, energia e inovação ao processo, mas talvez lhes falte alguma da experiência e conhecimento contratual que as compras permitem ter.
Assim, foi criado um processo de 7 Etapas para congregar todas as pessoas nos objectivos do processo. São estas as etapas:
1. estabelecer uma equipa de trabalho integrada (multidisciplinar)
2. Descrever o problema que necessita de ser solucionado
3. Examinar as soluções do sector privado e publico
4. Desenvolver uma definição de desempenho ou uma definição de objectivos
5. Decidir como medir e gerir o desempenho
6. Seleccionar o fornecedor certo
7. Gerir o desempenho.
O objectivo do processo é fazer da compra baseada no desempenho acessível e lógica para todos e mudar o paradigma do tradicional “pensamento de compras” para um de orientação para a colaboração e o desempenho do trabalho de equipa, com focalização no planeamento do desempenho, da melhoria e na inovação e não simplesmente no cumprimento dos contratos. A compra baseadas no desempenho oferece o potencial para transformar dramaticamente a natureza dos serviços de entregas e permite ao estado aproveitar a enorme criatividade e inovação natural na actividade privada.
A Gestão pelo Valor (Value Management) é uma filosofia de gestão baseada no valor e na funcionalidade das coisas (produtos e serviços), que tem como principal objectivo obter o valor correcto para todas as partes interessadas (clientes, colaboradores, accionistas, fornecedores e sociedade). A GV dá resposta a todas estas necessidades mencionadas atrás através da utilização das variadas ferramentas que a constituem, especialmente, a Análise do Valor (AV), o Caderno de Encargos Funcional (CEF) e a Gestão do Valor Obtido (GVO).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

QREN - o fim de uma esperança?

Suspensão da Aprovação de Operações
Basta seguir o link imediatamente acima para perceber como estamos - mal!
O Governo acaba de anunciar a paralisação do pouco que ainda ia fazendo mover a economia, do lado do incentivo do Estado. Agora acabou-se.
Sem QREN (e sem POPH), que é como quem diz, sem incentivos à economia, bem podemos arrumar a botas.
Do lado fiscal, não só não existe qualquer incentivo, como as condições existentes são fortes constrangimentos ao empreendedorismo e ao investimento em inovação e criação de valor.
Com esta decisão, por mais razões que possam estar por detrás da mesma, o que podemos antecipar é o encerramento de muitas empresas de formação e de consultoria e a paragem quase por absoluto do já insipiente e inseguro investimento no mundo empresarial.
Como qual hospedeiro infestado de um qualquer "vírus" mortal, só nos resta, pacientemente, esperar.