Numa altura em que o optimismo nacional está muito por
baixo, os profetas da desgraça continuam a bombardear-nos com visões
apocalípticas, e os meios de comunicação apenas nos dão as más notícias, porque
as boas não conquistam audiência.
Precisamos, individualmente e em grupo, de assumir uma
atitude de desafio e de combate contra o crónico fatalismo nacional. Temos de
lutar muitas vezes contra inimigos poderosos, forças ocultas, poderes
implícitos e outros elementos que, por mais variados, se posicionam como forças
de combate indestrutíveis. Temos de assumir posições de “gauleses
irredutíveis”, cientes das nossas forças. Temos de levantar a cabeça e ir em
frente.
Parece-me que o tecido empresarial português, de alguma
forma, aprendeu que este é o nosso caminho. Por vezes, temos de ignorar ou
apenas prestar a atenção devida a todas essas forças contrárias e traçarmos o
nosso próprio caminho direito ao futuro. Os nossos negócios não dependem dos
outros, mas de nós. Temos de respirar por nós próprios.
Vem isto a propósito da norma NP4427:2004 – Sistemas de gestão de recursos humanos – requisitos,
em que, contra a opinião de muitos, não traria qualquer relevância à actividade
económica. O facto é que várias entidades e empresas de média e grande
dimensão, mesmo internacionais, estão a olhar para o referido referencial como
uma ferramenta de grande oportunidade e valor.
Tal como alguns casos de sucesso de empresas portuguesas
que inovam e assumem um papel de liderança nacional e internacional de que
vamos tomando conhecimento amiúde, também esta norma é um produto nacional,
primeira no mundo, que nasceu na humilde casa da nossa empresa, como resposta a
uma necessidade própria, mas que reflecte, por certo, uma realidade igual em
muitas pequenas e médias empresas.
Se queremos lutar temos de gerir bem as nossas empresas,
e sendo os recursos humanos, na opinião de muitos e num chavão mais do que
gasto, o recurso mais precioso de qualquer organização, então ainda mais
obrigação temos de os gerir bem.
Se queremos transformar qualquer estratégia em resultados
temos de criar a base de sustentação que nos permitirá atingir tais fins. A
gestão do sistema de gestão recursos humanos, na nossa opinião mais importante
do que qualquer outro, como os da qualidade, ambiente, segurança, etc., será a
primeira e essencial fundação para o edifício que é a operacionalidade de qualquer
estratégia de negócios.
Em vários estudos que temos feito com empresários e
gestores de topo, à pergunta “qual o seu maior problema organizacional” temos
obtido invariavelmente a resposta “os nossos recursos humanos”. Ora, esta não
deveria ser nunca a resposta. Os recursos humanos de qualquer organização não
podem ser o problema mas sim a solução. As pessoas estão nas organizações para
resolver os problemas e não para os criar. Se o fazem será muitas vezes por
causas estranhas às próprias pessoas. Quando as pessoas são a causa dos
problemas, é provável que o sistema de gestão dos recursos humanos não tenha
funcionado de forma eficaz, carecendo o mesmo de melhoria. Quando as causas
provêm de outra origem que não as pessoas, então elas estão lá para resolver os
problemas e não para os agravar. É aqui que entra a boa gestão dos recursos
humanos.
Em pequenas e médias organizações a norma pode
desempenhar um papel importante e fundamental para a boa gestão dos RH.
Orienta, exige cumprimento, foca os principais aspectos da gestão dos recursos
humanos. Finalmente, contribui para atrair os melhores recursos humanos, para
desenvolver todos os que tenham capacidades para atingir elevados níveis de
desempenho e para os manter a longo prazo dentro da organização. Não é assim
que todos nós desejaríamos ter a gestão dos nossos recursos humanos?